Diabetes mellitus é um dos maiores problemas de saúde do país, com altíssimo índice de complicações, destacando-se a doença cardiovascular, cegueira e insuficiência renal. Após a comprovação científica de que podemos reduzir o risco dessas complicações com o tratamento intensivo do diabetes (ou seja, mantendo a glicemia dentro de níveis normais o maior tempo possível), temos buscado objetivos de tratamento cada vez mais rigorosos para os pacientes diabéticos, cada vez mais usando insulina desde o início. Se essa postura mantém nossos pacientes mais longe das complicações mencionadas, por outro lado gera inconvenientes difíceis de lidar, como as perigosas hipoglicemias.
A hipoglicemia (queda dos níveis de glicose na circulação) é complicação comum no diabetes, em especial naqueles pacientes que procuram manter seus níveis de glicose sempre dentro da normalidade. Apresenta repercussões variáveis, de acordo com o paciente em questão (crianças e idosos sentem mais seus efeitos). Podemos observar desde sintomas leves, como tremores e palpitações, até perda da consciência e convulsões. O risco de hipoglicemias mais graves muitas vezes acaba por limitar nosso esforço em manter as glicemias sempre normais, e assim minimizar o surgimento de complicações associadas ao diabetes.
Nesse cenário, o uso de Sistemas de Infusão Contínua de Insulina (mais conhecidos como “bombas de insulina”) surge como uma grande alternativa, capaz de garantir um controle glicêmico ideal e ao mesmo tempo minimizar os riscos de hipoglicemia. Trata-se de um minicomputador, do tamanho dos celulares atuais. Ligado através de um pequeno cateter ao subcutâneo (instalado pelo próprio paciente), ele administra insulina de forma contínua e programada, suprindo as necessidades basais do indivíduo, além de administrar também doses maiores de forma rápida e, assim, manter a glicemia normal mesmo nos períodos após a alimentação, como mínimo risco de hipoglicemias. Para crianças, torna muito mais fácil o controle, aumentando sobremaneira a tranquilidade dos pais.
A bomba de infusão está indicada para todos os pacientes que requerem o uso de insulina. Através da programação de infusão em 24h, podemos simular o funcionamento do pâncreas normal, com as variações de glicemia observadas durante o dia em um indivíduo sem diabetes. Havendo disponibilidade de equipe especializada, habituada ao tratamento desses pacientes, e estando o paciente motivado e disposto a seguir as orientações, este sistema permite uma liberdade, uma flexibilidade no estilo de vida que seria impensável até poucos anos atrás. O Hospital São Marcos, enquanto centro médico de excelência, dispõe de equipe multiprofissional experimentada em tratamento de pacientes com diabetes, com endocrinologistas, nutricionistas e enfermeiros. Todos se encontram à disposição para oferecer o que há de melhor no tratamento dessa doença tão frequente, permitindo melhor qualidade de vida para esses pacientes.
Dr.
André Gonçalves - Endocrinologista
CRM-PI 3655
Originalmente publicado na Revista Cidade Verde