Estudos feitos pelo Instituto Nacional de Câncer revelam que a maior parte dos casos de câncer pode ser evitada se a população adotar um estilo de vida mais saudável e um maior controle diagnóstico, fazendo exames preventivos. Pelo menos 60% dos cânceres estão relacionados ao fumo, sedentarismo, uso excessivo de álcool, obesidade e má alimentação. O dado foi tema das palestras de abertura da Campanha Anual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer do Hospital São Marcos em parceria com a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC). O evento segue até o próximo dia 25 na sede do hospital em Teresina.
O diretor médico do Hospital São Marcos, Antônio Pádua Filho, destacou a importância da prevenção no combate ao câncer. De acordo com ele, a campanha atuará em três frentes. "Vamos reduzir a incidência de casos de câncer através da mudança de hábitos de vida, diagnóstico precoce e mudança alimentar. São esses três fatores que vamos focar para a orientação das pessoas para que, dessa forma, possamos diminuir os casos da doença", explicou.
O diretor que é mastologista afirmou ainda que muitos tipos de cânceres podem ser curados se detectados cedo e tratados prontamente; outros podem ser prevenidos por mudanças no estilo de vida. "Existem alguns riscos que podem ser controlados por meio de hábitos da vida saudáveis. Tais fatores podem ser alterados. Câncer como o de colo de útero, por exemplo, só tem quem quiser, pois as formas de prevenção são enormes", pontuou.
Graça Andrade, vice-presidente da RFCC, enfatizou que o câncer oferece a possibilidade de prevenção primária, ou seja, é possível impedir que ele aconteça. "Este é o foco fundamental da campanha. As pessoas devem ser orientadas a não tomar sol de forma exagerada para evitar o câncer da pele. A prevenção secundária também é importante e é nosso objetivo com os atendimentos: diagnosticar precocemente a doença.", explica.
As características físicas são determinadas pelas informações genéticas, porém, são raros os casos de câncer que se devem aos fatores hereditários - estima-se que apenas 10% tenham essa origem. De 30% a 40% pacientes que possuem câncer poderiam ter se prevenido com mudanças de hábitos, como uma alimentação balanceada, prática de atividades físicas e mantendo uma forma física saudável, e tendo a opção de viver a vida com felicidade, segundo o Inca.
O diretor técnico do Hospital São Marcos, Jefferson Campelo, também defendeu a prevenção como a melhor forma de mudar as estatísticas da doença que vem crescendo em todo o país. "Algumas mudanças nos nossos hábitos alimentares podem nos ajudar a reduzir os riscos de desenvolvermos câncer. A adoção de uma alimentação saudável contribui não só para a prevenção do câncer, mas também de doenças cardíacas, obesidade e outras enfermidades crônicas como diabetes", destacou.
Estatísticas
No caso do Brasil, os dados mais recentes levantados na pesquisa, disponibilizados pelo banco de dados Globocan, da Organização Mundial de Saúde (OMS), datam de 2008 e apontam que os tipos mais comuns de câncer são, entre os homens, o de próstata (com 41,6 mil casos registrados) e pulmão (16,3 mil).
Entre as mulheres brasileiras, a maior incidência era de câncer de mama (42,5 mil casos) e de colo do útero (24,5 mil). Para efeitos comparativos, na última década, a população global passou de ao redor de 6,2 bilhões de pessoas a 6,9 bilhões (aumento de cerca de 11%), segundo estatísticas da ONU.
A OMS aponta que cerca de 2,8 milhões desses casos estão relacionados à alimentação, às atividades físicas e ao peso da população, número que deve crescer dramaticamente ao longo dos próximos dez anos, segundo as estimativas.
Como prevenir-se
Hábitos Alimentares
Muitos componentes da alimentação têm sido associados com o processo de desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon (intestino grosso) reto, próstata, esôfago e estômago.
Alimentação de risco
Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas, dentre outros.
Existem também os alimentos que contêm níveis significativos de agentes cancerígenos. Por exemplo, os nitritos e nitratos usados para conservar alguns tipos de alimentos, como picles, salsichas e outros embutidos e alguns tipos de enlatados, se transformam em nitrosaminas no estômago. As nitrosaminas, que têm ação carcinogênica potente, são responsáveis pelos altos índices de câncer de estômago observados em populações que consomem alimentos com estas características de forma abundante e freqüente. Já os defumados e churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida.
Os alimentos preservados em sal, como carne-de-sol, charque e peixes salgados, também estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de estômago em regiões onde é comum o consumo desses alimentos. Antes de comprar alimentos, compare a quantidade de sódio nas tabelas nutricionais dos produtos.