Uma pesquisa inédita conduzida por uma dupla de cientistas de Israel pode fornecer pistas de como funcionam os mecanismos que formam a memória, os meios para aperfeiçoá-la, e até mesmo ajudar a combater o Mal de Alzheimer, caracterizado pela perda progressiva da memória.
O estudo, desenvolvido no Israel’s Weizmann Institute of Science, descobriu que ao se elevar o nível da enzima PMKzeta no cérebro de ratos (uma substância produzida naturalmente pelo órgão durante as sinapses), a memória era aguçada.
Durante uma semana, os cientistas Reut Shema e Todd Sacktor induziram os ratos, que eram saudáveis, a associar água doce contendo lítio a uma sensação de náusea, criando assim uma memória negativa por conta da sensação de mal-estar. Depois disso, injetaram nos ratos um vírus que desencadeava a produção da enzima.
O poder do cérebro dos ratos de criar memória de longo prazo então aumentou, em comparação com aqueles que não foram contaminados pelo vírus.
Os resultados mostraram que a proteína ajuda a elevar a frequência dos sinais trocados entre os neurônios, aumentando a comunicação entre eles. Com isso, a esperança é de que, no futuro, medicamentos à base da enzima possam ser utilizados para aumentar o poder do cérebro de “reter” e afiar a memória.
Aplicação
De acordo com os autores da pesquisa, no entanto, ainda não se sabe quando a descoberta poderá ter aplicação, já que os efeitos do aumento da proteína em cérebros humanos, tanto nos saudáveis quanto nos acometidos por doenças, ainda são desconhecidos.
Além disso, há implicações não apenas biológicas, mas também psicológicas. De acordo com a pesquisadora Reut Shema, a memória tem como função fazer com que o ser humano se lembre do que lhe ocorreu no passado, de que forma ele reagiu e como agir melhor no futuro – e não simplesmente para que tenhamos lembrança do que ocorre.
Neste caso, aponta Shema, o foco deve ser em como a descoberta pode ajudar pessoas com a capacidade de lembrar comprometida – e menos aquelas que possuem uma memória perfeitamente sã. Para isso, no entanto, será necessário estudar a atividade da PMKzeta em ratos com Alzheimer, a próxima etapa da pesquisa, que não tem data para começar.
Fonte: Gazeta do Povo