O biólogo americano Robert Gallo, que descobriu o vírus da aids, disse hoje que a pesquisa para conseguir uma vacina para a doença está avançando, mas "ainda demorará". Em entrevista coletiva no congresso sobre a aids realizado em Frankfurt, Gallo considerou que "não é possível dar uma data concreta para a conquista de uma vacina". Por isso, o cientista insistiu em que é necessária "mais pesquisa para obter novos remédios, porque é uma doença crônica e o vírus está desenvolvendo resistência". Gallo considerou que foram alcançados três avanços práticos para controlar a doença: os exames de sangue, o tratamento anti-retroviral e os programas de formação. Pela primeira vez, antes de conseguir a vacina contra o vírus, foi possível desenvolver um tratamento que permite prolongar a expectativa de vida do paciente, disse Gallo. Afirmou que é necessário o interesse público, de políticos e da imprensa em relação à doença, para promover programas de prevenção social, já que a pesquisa não é suficiente para combater a doença. O congresso sobre a aids, que começou hoje e acontece até 30 de junho, reunirá doi mil cientistas para debater as mudanças do vírus, os avanços da medicina para combatê-lo e as novas estratégias de prevenção. A presidente da Sociedade Austríaca da Aids, Brigitte Schmied, disse que, "com este congresso, queremos aproximar a população deste problema, para que reflita sobre a doença". Schmied disse que o congresso tratará especificamente os novos tratamentos a médio prazo contra a aids - que, quando se combina com outras doenças, dificulta a eficácia dos remédios anti-retrovirais - e as estratégias de prevenção, principalmente para conseguir mais efetividade entre os jovens. Considerou que o problema para controlar a doença na África se deve "não só às dificuldades para levar os remédios, mas que é preciso melhorar o sistema de saúde desses países e formar pessoal". Schmied disse que 80% da população infectada pela aids em todo o mundo não têm acesso a tratamentos anti-retrovirais, que permitem prolongar a expectativa de vida dos pacientes. Segundo os dados do Programa das Nações Unidas sobre a Aids (Unaids), havia no mundo cerca de 40 milhões de pessoas infectadas com o vírus em 2005, 63% deles no continente africano. Michael Grimm, catedrático da Universidade de Göttingen, disse em uma conferência do congresso que o Produto Interno Bruto (PIB) dos países do sul da África cai a cada ano entre 1% e 2% devido aos efeitos da doença em suas economias. A ministra da Saúde alemã, Ulla Schmidt, inaugurará ainda hoje o congresso, em um ato onde Gallo oferecerá uma conferência acerca dos problemas e perspectivas sobre a aids no século XXI.
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