Por: Sandrynne Valença

A nutricionista Jamilla Martins conversou com o Hospital São Marcos sobre nutrição infantil. Confira abaixo algumas recomendações e dicas para ajudar na alimentação dos pequenos.

Hospital São Marcos: Qual a importância da boa introdução alimentar no início da vida?

Jamilla Martins: Levando em consideração que a alimentação infantil começa desde a gestação, é importante ficar atenta, pois a alimentação da mãe vai influenciar muito no estado nutricional do bebê. Então, de 0 a 6 meses, a alimentação mais saudável e completa é apenas o leite materno. A partir dos 6 meses, o leite fica apenas como complemento alimentar, quando a mãe pode começar a introduzir outros tipos de alimentos como frutas e papinhas salgadas feitas em casa. Por isso, a introdução correta favorece benefícios e pode evitar cólicas e alergias, já que não são todos os tipos de alimentos que o bebê consegue fazer a digestão.

HSM: A partir de quanto tempo as crianças já podem visitar o nutricionista?

Jamilla Martins: A partir dos primeiros dias de vida, já que tudo vai depender de como está o processo de amamentação. É importante observar se a mãe está tendo dificuldade, se o bebê está tendo uma pega correta no peito, se o leite materno está sendo suficiente para que ele atinja o peso adequado. Então, logo após o nascimento é importante realizar a visita ao nutricionista para que seja observado esse aspecto da amamentação. Outro ponto da visita ao nutricionista é saber se o bebê está com alguma alergia relacionada a/à alimentação da mãe, já que muitas acabam tendo dificuldades em adequar uma dieta.

HSM: Por conta da praticidade, muitas famílias acabam optando por lanches rápidos para seus filhos como biscoitos recheados, achocolatados, salgados e comidas de fast foods. Qual a sua recomendação?

Jamilla Martins: Na hora de montar um lanche rápido e saudável, é importante que sempre haja uma fonte de proteína, para dar saciedade. Sendo assim, os pais podem fazer um sanduíche natural com queijo branco ou um frango desfiado. Em relação aos sucos, a Sociedade Brasileira de Pediatria aconselha que até os dois anos não sejam oferecidos, sendo mais indicada a própria fruta, por conta do menor teor de açúcar e do aumento de fibra. Então, sempre na hora do lanche, dar preferência às fontes de proteínas e uma fruta.

HSM: Em relação a crianças com sobrepeso ou obesas, o que pode auxiliar a nutrição para combater este problema?

Jamilla Martins: A criança com sobrepeso deve ter acompanhamento nutricional, já que está em fase de crescimento e não pode fazer restrições alimentares muito abrangentes. Nesses casos, é importante realizar mudanças de hábito, estimulando o consumo de alimentos mais saudáveis, como frutas e verduras, aumentar o consumo de água e estimular a prática de atividade física.

HSM: Sobre o consumo de açúcar, como os pais podem fornecer sem exageros?

Jamilla Martins: Nós, nutricionistas, costumamos recomendar o mínimo possível. Por exemplo, se você tem a opção de ofertar uma fruta ou um suco, o mais adequado seria optar pela fruta, ou, se for escolher ofertar uma massa, dar preferência para massas integrais, que têm o índice glicêmico menor. Refrigerantes, achocolatados, biscoitos recheados e geleias devem ser evitados.

HSM: Quais são as dicas para ajudar os pais que estão tentando introduzir uma alimentação mais saudável para seus filhos, mas encontram resistência da criança quanto a isso?

Jamilla Martins: É preciso investigar o por que/o porquê da/de a criança rejeitar esses alimentos. Ela não come porque não gosta, porque não conhece ou porque tem algum trauma? Em cima desses questionamentos nós vamos trabalhar a inserção desses alimentos na rotina dela. Por exemplo, uma criança que não come banana pode ser apresentada a novas possibilidades através de um bolo ou uma vitamina, para que ela volte a ter esse contato com a fruta. Outro ponto importante para a introdução de uma alimentação mais saudável é dar a oportunidade para a criança escolher o que ela deseja comer. No BLW (método de inserção alimentar complementar), os pais podem auxiliar o contato com os alimentos deixando que a criança identifique de forma individual cada variável e forme suas preferências, sabendo identificar o que é uma alface ou uma abóbora, por exemplo. Então, de uma forma geral, facilitar o contato com os alimentos é um bom método para ajudar os pais. Até mesmo na hora da preparação dos pratos, deixar a criança participar torna tudo mais prazeroso e atrativo.