No dia 9 de dezembro, data em que se comemora o dia do Fonoaudiólogo, a profissional da área, Rayana Márcia dos Santos, fala do trabalho da fonoaudiologia no tratamento dos pacientes oncológicos no Hospital São Marcos. De acordo com ela, é indispensável a atuação desse profissional no processo de melhoria da qualidade de vida dos pacientes que enfrentam, por exemplo, a radioterapia. Confira a entrevista:
Como atua a fonoaudiologia em paciente oncológicos no Hospital São Marcos?
Em pacientes oncológicos é realizado o atendimento pré-operatório onde o Fonoaudiólogo orienta paciente e seus familiares sobre possíveis alterações de fala, voz e deglutição que pode decorrer do tratamento e sobre o processo de reabilitação fonoaudiológica. No pós-operatório o Fonoaudiólogo faz o acompanhamento do paciente realizando avaliação clinica das funções estomatognáticas (fala, voz, sucção, mastigação, respiração), bem como solicitação de avaliação objetiva destas funções. A reabilitação fonoaudiológica é feita após a cicatrização completa, ou então após a alta hospitalar com encaminhamento médico
Em que áreas a fonoaudilogia atua?
O Fonoaudiólogo é o profissional responsável pela promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e dos sistemas miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição. Exerce também atividades de ensino, pesquisa e administrativas. Atualmente a Fonoaudiologia tem 5 especialidades: Audiologia (Diagnóstico e tratamento de alterações auditivas; Linguagem (Relacionada a aspectos que envolvem a linguagem oral e escrita); Motricidade orofacial (habilita e reabilita, funções de fala, voz, respiração, sucção,mstigação, dificuldades de expressão facial); Saúde Coletiva (construir estratégia de planejamento e gestão em saúde, no setor fonoaudiológico). Em 2010, foi regulamentada mais duas novas especialidades na Fonoaudiologia que são: Disfagia e Fonoaudiologia Educacional. Antes desse reconhecimento, as atividades do especilaista em Disfagia eram de competência dos especializados em Motricidade Orofacial, e as de Fonoaudiologia Educacional/Escolar, dos especializados em Linguagem. A Disfagia foi regulamentada pela Resolução CFFa nº 383, de 20/03/2010. Antes disso, a Resolução nº 356, de 6/12/2008, reconhecia a competência legal do fonoaudiólogo para atuar nas Disfagias Orofaríngeas. A Fonoaudiologia Educacional/Escolar ainda aguarda normatização. Duas resoluções anteriores à sua criação foram a 309/05, sobre a atuação do Fonoaudiólogo nos ensinos infantil, fundamental, médio, especial e superior, e a nº 320/06, sobre as especialidades reconhecidas pelo CFFa.
Que tipos de câncer é preciso uma atuação mais de perto do profissional da fonoaudiologia?
A Fonoaudiologia atua principalmente no câncer de cabeça e pescoço. O principal tratamento para esse tipo de câncer são a cirurgia (ressecção de lábios, soalho de boca, mandíbula e língua; laringectomias parciais ou totais e faringolaringectomias), a radioterapia e quimioterapia que provocam impacto na deglutição, voz, articulação de fala e mastigação.
Quando é necessário o acompanhamento do fonoaudiólogo em pacientes oncológicos?
Se durante a avaliação clinica e objetivas do paciente oncológico foram identificadas alterações de voz, articulação de fala, mastigação e deglutição o paciente, encaminhado pelo médico inicia a terapia fonoaudiológica. Geralmente, o paciente submetido à cirurgia faz uso de via alimentar alternativa (sonda nasoenteral, sonda oroenteral). Se o paciente for capaz de realizar deglutição de forma segura, sem riscos de aspiração do alimento a via de alimentação alternativa é retirada e inicia a alimentação via oral. O fonoaudiólogo inicia o treino de introdução de alimentação via oral, com consistência mais adequada, manobras posturais e manobras facilitadoras da deglutição. Esse trabalho é iniciado com paciente ainda no leito hospitalar.
O tratamento oncológico, como a radioterapia, pode interferir na voz ou deglutição dos pacientes?
A radioterapia pode ocasionar perda de apetite, dificuldades de ingerir os alimentos, alteração dos sabores, diminuição na produção da saliva. Já a quimioterapia potencializa os efeitos indesejáveis da radioterapia.
Levando em conta os diferentes tipos de câncer e tratamentos, qual o objetivo da fonoaudiologia junto aos pacientes oncológicos?
O objetivo do trabalho fonoaudiológico é restabelecer a comunicação e alimentação do paciente e reinseri-lo na sociedade, promovendo assim melhoria da qualidade de vida do mesmo.