Equilíbrio entre vertical e horizontal
Na verdade, todos os nossos empreendimentos devem sercolocados nas mãos de Deus. Há, porém, uma parte a ser feita por nós.
De um modo geral, o ser humano tem a tendência deinclinar-se para os extremos. Quando ouve dizer que precisa entregar tudo a Deus, acha que ele mesmo não tem necessidade de fazer nada. Apega-se apenas à parte vertical (de ligação com o Alto)e não observa o horizontal, que é o esforço humano.
O entregar tudo a Deus deixa de ser um ato completoquando falta a parte horizontal. Nesse caso,apenas um dosrequisitosfoi preenchido.Existem, contudo, pessoas agindo demaneira contrária. Não colocam nada nas mãos de Deus, achando que podem resolver todos os problemas apenas com o próprio esforço.
Dosar,então, adequadamente a parte horizontal(daijo)evertical(shojo)parece difícil,mas, de fato, indica o caminho mais fácilque há. Quem sabe percorrê-lo na justa medida torna-se um sábio. Tal atitude assemelha-se ao uso do tempero, cujo sabor maisagradável não é nem o excessivamente salgado, nem o muito doce. Pode ser comparada também à variação climática, em que a melhortemperaturasempre oscilaentre frioe calor,sem chegara extremos.
Hodo, o dourado caminho do meio
Quando se fala em seguir o caminho do meio, é normalpensar num plano fixo, que seria o meio. Na verdade, essa condição de imobilidade não existe.Há, sim, um movimentoconstante,tendendo ora para a esquerda, ora para a direita.Embora daijoseja melhor que shojo,permanecer parado apenasnum nível não basta. O ideal consiste em ficar oscilando no ponto médio entre ambos os lados.
Aspessoas, contudo, não gostam de variações. Preferemfixar-se em determinada situação, porque, dessa forma, sentem-se seguras. Algumas se resignam com tudo, conforme lhes ensina asua religião ou filosofia. Julgando-se satisfeitas, nunca procuram progredir.
A insaciabilidade, entretanto, também se faz necessáriaporque incita ao progresso. Quando, porém, em grau extremado, produz violências e revoltas. É preciso, portanto, saber dosar,najusta medida, satisfação e insatisfação. Ambas devem ser feitas naturalmente para que a liberdade de movimentopermaneça.Além disso, essas ondulações entre momentos de deleite edesprazer fazem parte da natureza humana, uma vez que qualquer pessoa está sujeita tanto a ocorrências que lhe proporcionam alegria, quanto aborrecimentos. Ambas são, por isso, benéficas.
Cada um deve, pois, aceitar com naturalidade tanto osepisódios que o satisfazem quanto aqueles que lhe causam aborrecimentos, sem fixar-se em nenhum deles. Dessa forma, estará preparado para quaisquer tipos de ocorrências, sejam elas boas ou más. Assim, o mundo nunca lhes parecerá negro: nemhaverá impedimento para que a alegria exista.