Na manhã desta quarta-feira, dia 22, a Campanha Anual de Prevenção e Combate ao Câncer do Hospital São Marcos em Teresina teve início com a palestra “Prevenção das Complicações Orais nos Pacientes em Tratamento Oncológico”, ministrada pela dentista e cirurgião bucomaxilofacial da instituição, Ana Luísa Almeida.
A especialista explicou que em pacientes oncológicos submetidos à terapia antineoplásica, ocorre o desenvolvimento de complicações orais agudas ou tardias. Esses distúrbios na integridade e função da cavidade bucal se devem ao fato de que a radioterapia e quimioterapia não são capazes de destruir as células tumorais sem lesionar células normais.
“Por isso é preciso que haja uma preparação da boca nos pacientes em que são submetidos ao tratamento oncológico. Dentre as complicações orais encontram-se a mucosite, as cáries de radiação e osteorradionecrose. Esses efeitos geralmente variam a cada paciente dependendo de variáveis do tratamento, do paciente e do tumor”, acrescentou.
A dentista Ana Luísa aponta ainda que a cavidade oral e a condição bucal do paciente podem interferir de forma significativa no tratamento oncológico, uma vez que infecções bucais podem evoluir para infecções sistêmicas que são difíceis de tratar. “É importante que todo paciente seja avaliado e acompanhado pelo cirurgião-dentista durante o tratamento oncológico”, pontuou.
A complicação mais comum é a mucosite oral que consiste em uma reação inflamatória da mucosa oral, caracterizada por eritema e edema na mucosa, seguidos comumente de ulceração e descamação, que continuam até que a terapia seja concluída, podendo resultar em ulcerações, disfagia, perda de paladar e dificuldade para se alimentar.
Dessa forma, a atuação do cirurgião-dentista engloba orientação e controle de higiene oral especiais para este período, diagnóstico precoce de doenças oportunistas que podem ocorrer em cavidade oral e procedimentos odontológicos. Com a integração do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar de oncologia é possível minimizar os riscos de infecção, reduzir custos do tratamento através da redução do tempo de internação e proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente oncológico.
Dúvidas mais freqüentes:
1)Por que consultar o dentista antes do tratamento oncológico?
Eliminar focos de infecção;
Reduzir o risco e a severidade das complicações orais decorrentes do tratamento oncológico;
Prevenir e reduzir a dor oral
Cuidar da saúde oral durante o tratamento oncológico;
Garantir qualidade de vida.
2) O que o dentista vai fazer antes do tratamento oncológico?
Avaliação odontológica especializada, com tratamento odontológico de emergência para remoção de focos infecciosos: cáries, doença periodontal, comprometimento endodôntico, lesões em mucosa oral;
Identificar e remover traumas por próteses mal adaptadas, aparelhos ortodônticos e restaurações dentárias;
Orientação de higiene oral e de cuidados orais.
Especialmente para pacientes que farão radioterapia de cabeça e pescoço ou radioterapia de corpo todo.
Se extrações de dentes estiverem indicadas devem ser realizadas, sempre que possível, ANTES do início da radioterapia;
Confecção de moldeiras para aplicação de flúor para prevenção de cárie de radiação;
Confecção de próteses intra-bucais para aplicação da radioterapia. As próteses são confeccionadas individualmente e, dependendo do tratamento, podem apresentar função de proteção dos tecidos sadios, de posicionamento ou de imobilização dos tecidos.
3) O que o dentista vai fazer durante o tratamento oncológico?
Monitorar os cuidados bucais;
Laserterapia para prevenção e tratamento de mucosite oral;
Acompanhar as alterações orais durante o tratamento e dar suporte específico em cada momento.
4) Quais são as principais orientações de cuidados bucais para estes pacientes?
Escovar os dentes, gengivas e língua suavemente após cada refeição;
Utilizar fio dental diariamente suavemente;
Evitar enxaguatórios bucais que contenham álcool;
Evitar balas, chicletes, refrigerantes com açúcar;
Evitar alimentos picantes, ácidos, alcoólicos.