Estudo: cirurgiões se ferem e não reportam problema
Publicada em:
Quase todos os cirurgiões se espetam com seringas ou cortam com instrumentos afiados durante seu período de treinamento. Mas a maioria deles não reporta os ferimentos, o que acarreta risco de saúde para eles e ameaça de aids, hepatite e outras doenças transmitidas pelo sangue, para os pacientes de que tratam, de acordo com uma pesquisa . A pressa é o principal motivo mencionado pelos residentes de cirurgia para explicar os ferimentos, a maioria dos quais auto-infligidos. Entre as razões que eles mencionaram por não reportar as feridas potencialmente fatais estava o fato de que fazê-lo era demorado, poderia ameaçar suas perspectivas de carreira e causar embaraços diante dos colegas. Além disso, prevalece na categoria a falsa de crença de que é impossível impedir infecção mesmo que tratamento médico imediato seja recebido. Na verdade, tratamento imediato com medicamentos antivirais pode impedir infecção entre médicos feridos por agulhas enquanto tratam pacientes portadores de vírus como os da aids e da hepatite B. Tratamento imediato também pode impedir infecções crônicas entre as pessoas infectadas com o vírus da hepatite C. O levantamento que está sendo publicado pelo The New England Journal of Medicine foi conduzido por pesquisadores das universidades Johns Hopkins e Georgetown, e envolveu 699 residentes cirúrgicos em 17 centros médicos dos Estados Unidos. O trabalho foi conduzido em 2003. As conclusões oferecem nova indicação da necessidade de reforçar as medidas de proteção recomendadas por especialistas como a Dra. Julie Gelberding, hoje diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano, com base em muitos estudos que eles começaram a conduzir nos anos 80, pouco depois que a aids foi descoberta. Os cirurgiões foram aconselhados a oferecer instruções mais específicas aos profissionais em treinamento sobre técnicas de segurança e o que fazer em caso de ferimentos. Outras medidas de redução de infecções dirigidas a cirurgiões incluem o uso de dois pares de luvas cirúrgicas, o emprego de bisturis elétricos, clipes e cola em lugar de instrumentos afiados, melhora das técnicas de transferência de instrumentos de um profissional médico para outro, uso de listas de verificação pós-operatórias, e uso mais intensivo de enfermeiras e médicos assistentes nas cirurgias, a fim de reduzir a carga de trabalho dos cirurgiões. Para os médicos que se ferem com agulhas de injeção, as medidas adicionais incluiriam linhas de assistência telefônica imediata, que convocariam equipes de resposta. "Todas as salas de cirurgia e programas de treinamento deveriam insistir no uso dessas técnicas", disse o Dr. William Schaffner, diretor do departamento de medicina preventiva na Universidade Vanderbilt, que não participou do novo estudo. Além disso, especialistas em controle de infecções recomendaram que os médicos aplicassem as mesmas precauções ao tratamento de quaisquer pacientes, em lugar de avaliarem os riscos de infecção em base de caso a caso. Os estudos demonstram que os médicos subestimam a possibilidade de que um de seus pacientes esteja infectado, sem que o saiba, com um vírus difundido pelo sangue. Mas "esse conceito de precauções padronizadas ainda não se enraizou entre muitos dos internos e residentes", disse Schaffner. O líder da pesquisa, Dr. Martin Makary, cirurgião no hospital da universidade Johns Hopkins, disse em entrevista que os cirurgiões "pouco progrediram nos últimos 20 anos", em termos de prevenir ferimentos por agulhas. E os hospitais, segundo ele, "não estão fazendo o que deveriam para cuidar de suas equipes, das famílias destes e dos pacientes". Makary disse que um dos motivos que o levou a conduzir o estudo foi o fato de que dois amigos, ambos cirurgiões, haviam sofrido sérios traumas emocionais depois de se ferirem com agulhas quando estavam tratando de pacientes que eram casos documentos de aids e hepatite C. Uma experiência como essa entre os cirurgiões em treinamento "traumati
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse.
Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Para saber mais acesse nossa
Política de Privacidade e Uso de Cookies