
Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (9), na Câmara Municipal de Teresina, o Hospital São Marcos foi amplamente reconhecido por seu protagonismo e dedicação no tratamento do câncer no Piauí. A sessão, proposta pelo vereador Daniel Carvalho, reuniu especialistas, representantes da saúde pública e privada, além de pacientes e entidades, com o objetivo de fortalecer o atendimento oncológico e buscar soluções conjuntas para os desafios enfrentados pela rede.
O São Marcos, referência no estado é responsável por mais de 90% dos atendimentos oncológicos no Piauí, participou do encontro representado pelo diretor técnico, Dr. Marcelo Martins, e pelo diretor executivo, Joaquim Barbosa. Ambos reforçaram o compromisso inabalável da instituição com sua missão filantrópica e os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo diante de desafios financeiros persistentes.
Mesmo com o SUS não cobrindo todos os custos de um tratamento oncológico, o hospital superou as expectativas: “ O Hospital São Marcos não é apenas um centro de saúde, é um símbolo da luta pela vida no nosso estado. Há mais de sete décadas, nossa instituição tem prestado serviços filantrópicos à população, muito antes mesmo da criação do SUS, e com um único propósito: salvar vidas. Toda e qualquer verba que recebemos é reinvestida diretamente no tratamento dos nossos pacientes, sem exceções. Somos uma instituição séria, com responsabilidade fiscal e, acima de tudo, compromisso social. E é com esse espírito de transparência que reafirmo: mesmo diante das limitações orçamentárias e do subfinanciamento crônico da oncologia no Brasil, o São Marcos nunca restringiu atendimentos, e não irá restringi-los”, afirma Dr. Marcelo.
O São Marcos tem enfrentado desafios gravíssimos na manutenção dos insumos, devido a repasses atrasados: foram 15 parcelas não pagas pela gestão anterior da FMS, o que impactou diretamente a sua capacidade de adquirir medicamentos e manter os estoques para quimioterapia. “Estamos falando de pessoas em tratamento contra o câncer, de vidas que não podem esperar. Apenas para contextualizar: temos atualmente 4.153 pacientes com APACs ativas, ou seja, em tratamento contínuo, e mais de 10 mil pacientes em seguimento, sendo acompanhados após o tratamento oncológico. São quase 15 mil vidas sob os cuidados do Hospital São Marcos”, informa o diretor técnico.
O São Marcos atende pacientes de todo Piauí e, inclusive, de estados vizinhos. “Nossa instituição, com muito orgulho, sustenta mais de 90% da oncologia do estado, inclusive 100% dos atendimentos infantis. Isso não é discurso, é fato. E quem diz isso não sou eu, são os dados oficiais do Ministério da Saúde. Outra correção importante: a realização de biópsias. Há uma confusão comum sobre a nomenclatura utilizada nos sistemas de regulação. O São Marcos realiza cerca de 1.500 biópsias por mês, sendo 900 cirúrgicas e 600 ambulatoriais. Isso precisa ser compreendido com clareza, inclusive na codificação dos procedimentos. Estamos falando da base do diagnóstico oncológico. Sem biópsia, não há como planejar nem iniciar o tratamento com precisão”, alerta o Dr. Marcelo.
E para finalizar sua fala o médico reforçou que o Hospital São Marcos está de portas abertas. “Queremos continuar sendo parte da solução. Mas é preciso haver reconhecimento, planejamento e, principalmente, responsabilidade com o financiamento. Não se trata de discurso político. Trata-se de vidas reais, de pessoas com nome, CPF, famílias e histórias, que dependem de um sistema que precisa funcionar e o São Marcos quer seguir sendo pilar desse sistema."
Por sua vez, Joaquim Barbosa destacou que o São Marcos é o único Centro de Oncologia Infantil do estado e realiza quase a totalidade dos atendimentos adultos. “Não existe plano B para o Piauí. Investir em quem já está estruturado é a forma mais eficiente e inteligente de manter vidas sendo salvas todos os dias”, afirmou.
Entre os temas discutidos, reforçou-se a importância do financiamento adequado e da união entre os entes públicos. A Fundação Municipal de Saúde propôs a contratualização direta do hospital com o Ministério da Saúde como alternativa para garantir repasses regulares, sem comprometer o orçamento da capital.
Também foi destacada a contribuição valiosa de entidades como a Rede Feminina de Combate ao Câncer, a Associação Lar Preciso Viver e a Casa Esperança e Vida, que atuam no acolhimento humanizado de pacientes oncológicos vindos de diversas regiões do estado e até de outros estados, sendo parceiras fundamentais do São Marcos nessa missão de cuidar com dignidade.
A audiência revelou ainda dados positivos sobre a rede de atendimento do Piauí. Segundo o médico Dr. Luís Airton Santos Júnior, o estado registra hoje o menor tempo médio de espera por consulta oncológica no SUS em todo o país: apenas 10 dias. Ele ressaltou que este resultado é fruto da integração entre hospitais como o São Marcos, equipes de regulação e demais serviços de saúde pública de Teresina.
Apesar dos desafios relatados, o clima da audiência foi de construção coletiva e esperança. O vereador Daniel Carvalho encerrou a sessão com o compromisso de transformar as falas em encaminhamentos concretos. “Essa é uma luta de todos nós. O que vimos hoje foi o primeiro passo para avançar na construção de uma rede oncológica mais forte, humana e resolutiva e o São Marcos será sempre peça-chave nesse processo.”