No Brasil, o câncer aparece como a primeira causa de morte (8% do total) entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Para adultos, enfrentar o câncer já é uma situação difícil, imagina para crianças. Mas, em Teresina, profissionais de saúde realizam um atendimento humanizado e apresentam soluções que ajudam a amenizar os sintomas do tratamento, sobretudo para acalmar os medos dos pacientes infantojuvenis.
Um exemplo são as máscaras estilizadas de personagens infantis, que ajudam os pequenos na luta contra a doença, produzidas pela equipe multidisciplinar do Setor de Radioterapia da Associação Piauiense de Combate ao Câncer - Hospital São Marcos. Ao transformar o ambiente hospitalar de forma lúdica, o resultado tem sido positivo, pois, com as máscaras, os superpoderes dos personagens das histórias de ficção são transferidos para os heróis de verdade, que se enchem de coragem e força durante o tratamento.
"O meu filho fica muito feliz quando chega para fazer as seções de radioterapia. Logo na recepção, os funcionários brincam com ele e lá dentro ele mesmo coloca a máscara do Incrível Hulk. Isso tem ajudado muito a diminuir a ansiedade. Meu filho é muito corajoso, ele nem usa anestesia.” conta Socorro Sousa, mãe do pequeno R. S. Lopes, de seis anos, que luta contra uma leucemia desde os dois.
De acordo com o técnico Francisco Gilglaydson Ibiapina, o projeto iniciou em Barretos, depois o INCA (Instituto Nacional de Câncer) desenvolveu o trabalho sobre os benefícios do uso de máscaras estilizadas de super-heróis. “Quando ficou comprovado que as crianças deixavam de usar anestesia ao vestirem as máscaras, consegui autorização das enfermeiras, do físico e dos médicos para fazer aqui também no hospital”, informa.
Gilglaydson fez a primeira máscara com o personagem Homem de Ferro. “A alegria da criança ao receber a máscara confeccionada foi um dos maiores prazeres que tive e contribuir para que elas não passem por um procedimento tão complicado que é a anestesia é outro motivo que me motivou a fazer a primeira máscara”, declara.
No tratamento dos tumores de cabeça, pescoço, face ou sistema nervoso central, é preciso que os pacientes usem máscaras termoplásticas que os imobilizem durante todo o procedimento da radioterapia e assim evitem que a radiação atinja outros locais saudáveis.
“Cada máscara termoplástica é moldada no formato do rosto de cada paciente para que o encaixe seja perfeito, isso provoca certo desconforto, principalmente para as crianças, que geralmente ficam agitadas, então é necessária a aplicação de anestesia geral, o que torna as sessões de radioterapia mais demoradas e complicadas”, explica o técnico Kleiton Vieira.
A Radioterapia é uma modalidade essencial no tratamento de pacientes com câncer. Cerca de 60% a 70% dos pacientes passam por essa terapia de forma curativa ou paliativa. O sucesso da radioterapia depende da erradicação do tumor que, em geral, aumenta com doses mais elevadas de irradiação, e da preservação dos tecidos normais dos efeitos actínios.
Para deixar o ambiente mais lúdico e divertido, Kleiton abraçou o projeto das máscaras com os personagens de que elas mais gostam. “Tenho facilidade em fazer as máscaras porque eu amava desenhar quando era criança. Já pintei o Homem Aranha, Homem de Ferro, Incrível Hulk, Unicórnio e a Minnie”, cita.
Máscaras estilizadas de personagens infantis vira trabalho científico
O projeto empolgou tanto Klieton que ele decidiu fazer seu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso - sobre os efeitos das máscaras estilizadas no tratamento contra o câncer infantil. “Li diversos artigos sobre o tema, estudei e constatei que, através dessas máscaras, as crianças reagem melhor ao tratamento. Optamos por encorajá-las a se tratarem sem anestesia, comportando-se como verdadeiros heróis e os resultados têm sido excelentes. No final do tratamento elas ainda levam suas máscaras para casa”.
As máscaras são confeccionadas à base de papel, folha de EVA, cola e tinta acrílica não tóxica, o que não oferece nenhum tipo de risco a saúde dos pacientes. “Temos acompanhado a evolução das crianças que usaram as máscaras e dispensaram o uso de sedação. Além do benefício de redução da toxicidade, causadas pela anestesia, tem também a questão da melhoria na logística do setor”, conclui Kleiton.
Para sedar um paciente, é preciso mobilizar toda a equipe multidisciplinar, desde o anestesista, enfermeiros e técnicos. Ainda é preciso que o paciente esteja em jejum e sem anestesia não é preciso estar. Algumas crianças não conseguem passar pelo tratamento sem o auxílio de sedação, o que causa à toxicidade a elas, somada a própria radioterapia. Além de toda logística com a equipe, o uso da máscara estilizada sem sedação diminui o tempo do procedimento no tratamento.
Kleiton Vieira explique que “um paciente normal (que não precise de sedação) demora em média de dez a quinze minutos. Em um procedimento com sedação a duração em média é de quarenta minutos até uma hora, dependendo do anestesista, logo, eu poderia tratar de três a quatro pacientes no lugar de apenas um sedado”. Então, existe um grande benefício não somente para o paciente, mas também para o hospital, que reduz os gastos com equipe médica, fármacos e equipamentos.
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