Médicos dizem que obesidade infantil é negligência
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Médicos britânicos acreditam que casos extremos de superalimentação de uma criança devem ser encarados como uma forma de abuso ou negligência, segundo dados e entrevistas levantados pela BBC junto a quase 50 pediatras na Grã-Bretanha. A Associação Médica Britânica deve debater uma moção sobre o assunto em sua conferência anual no final de junho. A obesidade foi um fator em pelo menos 20 casos de denúncias de abuso e negligência levados às autoridades britânicas no ano passado. Em meados deste ano, o caso de um menino obeso virou manchete nos jornais do país quando um assistente social resolveu intervir na família. Peso e puberdade Tabitha Randell, pediatra de Nottingham, acha que alguns pais estão matando seus filhos ao tentarem agradá-los com excesso de comida. Em sua clínica, tornou-se mais comum ver crianças iniciando a puberdade antes dos dez anos de idade por causa do excesso de peso. Em um caso extremo, Randell viu uma criança de dois anos e meio de idade pesando mais de 25,4 kg. "Eles disseram que ela tinha ossos grandes como eles. Eu acho que a percepção dos pais é um problema muito real", afirmou. "Se você vê algumas crianças no playground com a barriga protuberante sobre as calças acha que é normal." Mas outros profissionais da saúde acham que não é bom encarar a obesidade infantil como potencial negligência. Em uma nota, o Colégio Real de Pediatria e Saúde Infantil disse que "obesidade é um problema de saúde pública, não de proteção da criança." "Pode haver umas poucas famílias que causam preocupação pois há outras questões de negligência e traumas emocionais e é aí que um pediatra pode ter discussões com serviços de assistência social." Dieta Alguns pais acham que enfrentam uma grande batalha para convencer seus filhos a se alimentarem de maneira saudável em uma sociedade onde há muitos alimentos altamente gordurosos. No centro de apoio à criança em Meadows, uma área pobre de Nottingham, os pais tem a oportunidade de aprender como melhorar a dieta de seus filhos. Um grupo de mães se increveu para um curso de seis semanas para aprender como preparar uma refeição saudável. As mães dizem que é fácil colocar a culpa nelas pela dieta dos filhos. Vikki Sansom, que tem dois filhos pequenos, disse: "Eu acho que há uma grande diferença entre não alimentar e alimentar demais." "É realmente difícil para os pais e é errado dizer que é negligência." Mas no final de junho, a Associação Médica Britânica vai estudar a moção que diz: "O governo deveria considerar a obesidade em menores de 12 anos como negligência de pais e encorajar a proteção legal para a criança e ação contra os pais." Matt Capehorn, médico de Rotherham, apresentou a moção como resultado de sua própria experiência à frente de uma clínica para obesos. "Meus colegas e eu estávamos preocupados porque notamos uma discrepância na forma como a sociedade, os médicos e os tribunais tratam de uma criança obesa em comparação a uma criança subnutrida." "Há indignação se uma criança é pele e osso, mas isso só acontece em casos extremos quando se trata de crianças obesas." Médicos que falaram à BBC na condição de anonimato disseram que superalimentar uma criança deveria ser considerado negligência em casos extremos. Leia alguns dos comentários abaixo. "Eu vi uma criança obesa ser tirada dos pais voltar ao peso normal em poucos meses." "Eu vi uma criança de dez anos que só podia andar uns poucos metros com uma bengala. A dieta dela de batatinhas fritas e comida excessivamente gordurosa podia ser atribuída aos pais. Eu acho que eles a estavam matando lentamente." "Ver uma criança de dez anos com diabete e pressão alta... ela corre o risco de ter uma doença cardíaca aos 20 anos. A família não faz mudanças (na dieta)." "Um menino de 12 anos foi ao hospital para entrar em uma dieta. A família dele foi surpreendida levando escondido barras de chocolate de uma libra (cerca de 450 gramas) para ele."
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