Morre nos EUA médico defensor da maconha medicinal
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O doutor Tod Mikuriya, psiquiatra da Califórnia que muitos consideram como um dos pioneiros no movimento pelo uso medicinal da maconha nos Estados Unidos, morreu em casa, em Berkeley, no dia 20 de maio. Ele tinha 73 anos. A causa da morte foram complicações causadas por um câncer, anunciou a família Mikuriya a órgãos de notícia da Califórnia. Mikuriya foi um dos responsáveis pela concepção da Proposição 215, levada a referendo em 1996 na Califórnia, pela qual os médicos do Estado têm o direito legal de receitar maconha para pacientes seriamente enfermos. Ele também fundou o Grupo de Pesquisa Médica da Cannabis da Califórnia e uma organização derivada desse centro, a Sociedade Médica da Cannabis. Como resultado de seu trabalho, Mikuriya era visto por alguns como salvador e por outros como ameaça pública. Para seus admiradores, ele era o médico a recorrer em casos sem esperança. Por anos, número considerável de pacientes de doenças como câncer e aids recorreram ao consultório que ele dirigia em Berkeley. Mikuriya ocasionalmente escrevia mais de uma dúzia de receitas de maconha por dia, e calcula-se que, ao longo de sua carreira, tenha aprovado o uso da droga para cerca de 9 mil pacientes. Mas, em outros quadrantes, o trabalho de Mikuriya atraía menos admiração. Em 1996, por exemplo, o general Barry McCaffrey, que dirigia o Serviço Nacional de Controle de Drogas nos anos do governo Clinton, criticou publicamente a filosofia médica do doutor como "programa de Cheech and Chong" (comediantes americanos notórios por defenderem o uso da maconha). Em 2000, o Conselho Médico da Califórnia acusou Mikuriya de negligência grave, desvio de conduta profissional e incompetência por não ter conduzido os exames médicos devidos em 16 pacientes para os quais havia receitado maconha. Em 2004, ele foi sentenciado pelo conselho a cinco anos de exercício restrito de medicina e a uma multa de US$ 75 mil. Mikuriya apelou da decisão e foi autorizado a continuar trabalhando como médico sob a supervisão de um monitor indicado pelo Estado. Membro registrado do Partido Republicano por muitos anos (no final da vida, ele aderiu ao movimento libertário), Mikuriya começou a estudar as possibilidades terapêuticas da maconha nos anos 60. Ele mantinha uma lista contendo mais de 200 enfermidades cujos sintomas poderiam supostamente ser atenuados pelo uso de maconha, entre as quais gagueira, insônia, síndrome de tensão pré-menstrual, cãibra nas mãos, perda de apetite e alguns efeitos colaterais dos tratamentos de câncer, entre os quais náuseas e vômitos. Mikuriya encarava seu trabalho - e repetiu essa alegação inúmeras vezes - como maneira de corrigir um erro histórico, a saber, a reação feroz contra o uso médico da maconha que começou nos anos 30, quando o uso de maconha passou a ser severamente reprimido. "A maconha estava disponível para uso clínico por quase um século, até que foi retirada do mercado em 1938", ele disse, em entrevista ao jornal East Bay Express, do norte da Califórnia, em entrevista concedida em 2004. "Estou lutando para restaurar o uso médico da cannabis". Tod Hiro Mikuriya nasceu no condado de Bucks, Pensilvânia, em 1933. Sua mãe, Anna Schwenk, imigrante alemã, era professora de crianças deficientes, e seu pai, Tadafumi Mikuriya, descendente de uma família de samurais japoneses, era engenheiro civil. Tod Mikuriya se formou em psicologia pelo Reed College, no Oregon, em 1956, e entre 1956 e 1958 serviu o Exército dos Estados Unidos como enfermeiro de combate. Mikuriya se formou em medicina pela Universidade Temple em 1962. Foi enquanto estudava lá que começou a se interessar pelo uso médico da maconha, devido a uma referência que encontrou em um manual de farmacologia. Esse interesse foi a primeira manifestação do tema que viria a dominar sua carreira. Em 1966 e 1967, Mikuriya dirigiu o centro de tratamento de viciados em drogas do Instituto Neuropsiquiátrico de Nova Jersey, em Princeton. Em 1967, se tornou
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