O dia Nacional de Combate ao Câncer é lembrado desde 27 de novembro de 1988. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença corresponde a 13,7% das mortes no Brasil, cerca de 140 mil casos por ano. Os dados também são alerta para as mulheres, que devem dar atenção especial desde cedo aos tipos de câncer que afetam apenas o sexo feminino, em particular o de mama - o maior causador de morte nelas, com um risco de 28% dos casos.
De acordo com o oncologista Selmo Minucelli, não existe segredo para prevenir o câncer. “Além de levar uma vida saudável ao controlar boa alimentação com atividade física, utilizar métodos preventivos ao ter relações sexuais, evitar o fumo e a bebida alcoólica, as pacientes devem fazer exames preventivos a partir dos 35 anos”, aconselha. O coordenador da divisão de atenção oncológica do INCA, Ronaldo Corrêa, ressalta os cuidados especiais que se deve ter com bebidas alcoólicas. “É um dos fatores que mais aumentam a probabilidade de se ter câncer. O ideal seria não consumir, mas isso também não quer dizer que quem consome vai ter a doença”, afirma.
A recomendação parece óbvia, mas a diferença na saúde surge mais tarde, quando essas atitudes pesam na balança ao chegar à idade de risco, a partir dos 40 anos. “Quando a mulher chega aos 50 anos, o risco é duas vezes maior do que quando ela tinha 40. Se ela teve uma vida dentro do que é recomendado pelas políticas públicas, as chances de um câncer aparecer diminuem”, argumenta o coordenador do INCA.
Quando a estudante Lidyane Araújo, de 22 anos, descobriu um nódulo no seio direito, o susto a aproximou de uma realidade pouco imaginada por muitas mulheres jovens. “Quando senti algo parecido com um caroço de ameixa entrei em pânico”, conta. “Não tenho câncer, mas desde que descobri (o nódulo) faço o autoexame todos os dias e preciso voltar ao médico a cada seis meses”, reforça. Apesar de a incidência em mulheres de até 35 anos ser pequena, há possibilidades de ter câncer. “O risco é menor, mas existe. Também é preciso levar em consideração o histórico familiar e outros fatores específicos que variam a cada caso”, explica o oncologista.
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo INCA, no dia 24 de novembro desse ano, 520 mil novos casos de câncer serão registrados no Brasil a partir de 2012. Só o de mama afetará 52.680 novas mulheres. Já o câncer de colo de útero atingirá 18.430 e o de ovário, 3.837.
Apesar do número preocupante, Minucelli acredita que os dados não significam agravamento da doença no país. “Antigamente não havia tantos métodos para se detectar o câncer precocemente. Hoje, o diagnóstico é mais fácil de ser realizado e, assim, mais casos são identificados”, argumenta.
Outros riscos
Em relação ao câncer de colo de útero, o cenário muda. Mulheres novas têm mais chances de adquirir a doença, em especial, por falta de prevenção ao ter relações sexuais. O vírus HPV, se não for tratado, pode evoluir para o câncer.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) licenciou em 2006 uma vacina para a prevenção do vírus. Porém, o Ministério da Saúde, de acordo com parecer oficial divulgado pelo órgão, afirmou que ainda existem lacunas referentes à imunidade, à não inclusão dos estudos para gestantes e à limitação da vacina por imunizar apenas alguns subtipos do vírus, além do alto custo de investimento, em torno de R$ 750 milhões por ano.
O câncer nos ovários é pouco comum, no entanto, é o mais perigoso pela dificuldade de se diagnosticar. Quando descoberto, muitas vezes já se encontra em estágio avançado. Neste caso, o risco de mortalidade é maior. “A doença não tem muitos sintomas e, em vários casos, as mulheres confundem a dor”, justifica o oncologista.
Fonte: CorreioWeb