Durante as comemorações do Dia do Médico, celebrado no dia 18, o Conselho Federal de Medicina (CFM) lança uma campanha voltada aos profissionais e à sociedade na qual se ressalta a preocupação da classe com os vários problemas que afetam a assistência em saúde no país. Mais que alertar, a empreitada do conselho salienta o engajamento dos médicos com a busca de respostas que conduzam à superação dos principais desafios.
A partir do slogan (Eu) Luto pela Saúde, as entidades querem sensibilizar a população. “O brasileiro deve reconhecer no médico um aliado. Essa cooperação transcende o consultório e envolve também a articulação política. A mensagem evidencia nosso descontentamento com a qualidade do atendimento no país e não deixa de ressaltar que estamos dispostos a efetivamente lutar contra os abusos e a indiferença, praticados nas esferas pública e privada”, ressalta o conselheiro Desiré Carlos Callegari, 1º secretário e diretor de Comunicação do CFM.
O CFM também lançou um hotsite para celebrar a data. Nele, médicos e internautas podem acessar o vídeo institucional, áudio, peças da campanha e as notícias mais recentes por meio de um espaço integrado ao Twitter. O endereço é: http://flavors.me/portalmedico <http://flavors.me/portalmedico> .
As peças produzidas colocam o médico como elo fundamental e agente de transformação da saúde brasileira. Foram idealizados cartazes, postais e adesivos para serem distribuídos pelos CRMs e outras entidades médicas que decidiram incorporar a campanha às suas ações para comemorar a data. Também estão sendo veiculados um vídeo institucional e spots de rádio.
A expectativa é estreitar o diálogo com esses segmentos, com a preocupação de contribuir com a valorização da medicina e estimular a reflexão em torno de problemas e soluções que afetam a vida de milhões de pessoas.
“A estratégia que pretendemos desenvolver confirma a comunicação como ferramenta fundamental para mostrar a importância do médico e da medicina para o país. Os médicos precisam saber que estamos atentos às suas reivindicações e cada paciente deve estar convicto de que nossa classe tem um compromisso inabalável com o bem-estar de todos”, acrescentou o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, confiante no êxito da nova ação que deve se materializar em produtos concretos nos próximos meses.
Falta de incentivo e centralização atrapalham atuação
Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), existem 334 mil médicos atendendo aos 185 milhões de brasileiros. Os números são de 2010 e apontam para uma média de um profissional para cada 578 habitantes, bem acima do mínimo sugerido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que indica um médico para grupos de 1.000 pessoas.
Entretanto, a situação é grave quando vemos dados regionais. No interior de Estados como Amapá, Amazonas e Roraima, essas médias caem a índices inferiores a um médico para cada 8.000 habitantes, média inferior à de países africanos.
Os movimentos sindicais do segmento reclamam que a interiorização está se tornando mais difícil por conta dos baixos salários ofertados e das más condições de trabalho. Segundo o 1° vice-presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), Wellington Moura Galvão, os médicos sofrem pelo atual “sub-financiamento da saúde”, que é um problema nacional, com reflexos mais graves nas pequenas cidades.
“O que falta é uma valorização da atividade médica. Hoje se paga a um médico no Nordeste, por exemplo, uma média de 10 salários mínimos (R$ 5.450) no PSF, quando o pactuado no programa era de 30 salários (R$ 16.350). Querem pagar mixaria sem dar condições éticas de trabalho. Assim, não vão interiorizar nunca”, alegou o 1° vice-presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), Wellington Moura Galvão, em entrevista ao UOL.
Fonte: UOL