O custo do Trauma no Brasil chega perto de 200 bilhões
41 mil pessoas morreram e outras 284 mil ficaram com sequelas vítimas de acidentes
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o quarto colocado em número de mortes das Américas, atrás apenas da República Dominica, Belize e Venezuela. O País registra 41 mil mortes no trânsito por ano – 284 mil pessoas ficam com algum tipo de sequela. E o custo dessa epidemia chega a 199 bilhões, segundo estudo do próprio DPVAT.
“O problema do Trauma é um caso de saúde pública. Os dados são surpreendentes ruins”, fala o médico Dr. Edilson Carvalho, presidente da Comissão do I Congresso Internacional de Trauma de Teresina. “Até 2016, tivemos uma tendência à diminuição de acidentes nas estradas e nas cidades, em virtude das medidas adotadas, no Código Nacional de Trânsito, como a Lei Seca, o uso de cadeirinha para crianças e obrigatoriedade dos airbag nos veículos. Porém em 2017, os números voltaram a subir e infelizmente chegamos a 41 mil mortes, na maioria jovem envolvidos em acidentes de transito”, afirma.
De acordo com Dr. Edilson Carvalho, além da perda humana e social, existe também a perda econômica, quando se contabiliza os óbitos e os que ficam com sequelas, permanentemente inválida. “O Trauma é uma doença complexa, por isso, nos propusemos a realizar o evento com o que acontece de mais moderno na Europa, como é o Hospital UKB de Berlim, na Alemanha. Aqui, o Hospital São Marcos, pretende contribuir com a mudança dessa realidade especialmente com a melhoria do atendimento de pessoas acidentadas”, diz.
Uwe Weibrecht, assessor internacional do Congresso de Trauma informa que existem dois aspectos para se evitar tantos acidentes. “Uma é questão da educação no transito, a fiscalização e a prevenção pelo uso, por exemplo, de capacete. E a segunda questão, que é o foco do Congresso é a Rede de Traumas que vive de uma comunicação entre as entidades e hospitais que tratam os pacientes acidentados”, fala.
A Rede de Atenção ao Trauma é a forte contribuição dos especialistas alemãs para o I Congresso de Trauma de Teresina. “A Alemanha conseguiu reduzir muitas mortes de transito, pós-traumas, por conta das redes e sua engrenagem com todos os hospitais envolvidos. Desde 2008, mais de 600 hospitais estão interligados e interagem quando ocorre um acidente. E o ukb de Berlim, é um dos hospitais mais avançados, da mais alta complexidade dentro de uma dessas redes”, informa Uwe. “Quando um acidente acontece, uma cadeia inteira começa a se movimentar, desde o SAMU até o neurocirurgião são acionados”, ilustra.
Alemanha possui 82 milhões de habitantes e possui 13 Centros Especializados ligados em Redes de Traumas certificadas nos pais inteiro, capacitados a transmitirem imagens via vídeo para Hospital de Trauma de Berlim ou outro hospital de ata complexidade mais próximo, para receberem suportes. “O Piauí, através da Agencia de Tecnologia e Informação (ATI) já tem condições de utilizar nos hospitais públicos, pois já faz isso para Hospital Getúlio Vargas. Agora é apenas uma questão de melhorar a organização dessa rede no Estado”, frisa Avelino Medeiros, Diretor Geral da ATI.
No Piauí, Dr. Edilson Carvalho esclarece que o problema não é só financeiro. “É uma questão também de gestão. Se o HUT, que realiza um excelente trabalho dentro da nossa realidade, concentrando praticamente todos os politraumatizados, sufocando sua capacidade de atendimento para os casos mais complexos. Mesmo se for ampliado logo estaria superlotado de casos mais simples que poderiam ser atendidos em hospitais regionais”, exemplifica.
“Quando nos referimos a Rede de Trauma significa que possamos ter dentro das cidades centro menores, mais equipamentos com as mínimas condições para fazerem os primeiros atendimentos. Porque o paciente politraumatizado geralmente morre nas primeiras horas e quando não morre as sequelas que não são tratadas rapidamente, são gravíssimas e às vezes definitivas”, avalia Dr. Edilson Carvalho.
Para o Dr. Edison Carvalho, a proposta do Congresso Internacional vai muito além do que ampliar números de leitos nos hospitais. “Nossa ideia é nos inspirarmos no que os especialistas de Berlim fizerem para que possamos adaptar por aqui. Veja bem, a ideia não é trazer uma realidade alemã, mas aprender com os erros e acertos que eles tiveram” reforça.
“Não temos aparelhos da Alemanha, mas temos condições que podem ser mais bem utilizadas. Não se admite que pacientes em Parnaíba devam ser transferidos para Teresina. Parnaíba é um grande centro, possui UTI, possui especialistas em várias áreas. Precisa que melhor se implemente para atender a região norte e parte do Maranhão e Ceará. Assim como Picos pode muito bem ser aparelhada para atender a região sul do Piauí, e deixar o HUT para atendimento de pacientes com maior complexidade e já estabilizados” fala Dr. Edilson Carvalho.
“A questão da transmissão de exames de imagens, que as vezes necessitam serem avaliadas por um especialista como radiologista ou neurocirurgião, via internet ou pela fibra ótica, para fazer o que chamamos de telemedicina. Essa facilidade da comunicação já é feita em muitos lugares do Brasil e tem que ser usada aqui no Piauí também” finaliza.
O I Congresso Internacional de Trauma, realizado pelo Hospital São Marcos (HSM) de Teresina, no Brasil, com apoio do Hospital de Trauma de Berlim, Alemanha (Unfallkrankenhaus Berlin – UKB), tem parceira com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde- SESAPI, Fundação de Amparo à Pesquisa - FAPEPI, Universidade Estadual do Piauí – UESPI e Fundação Municipal de Saúde da Prefeitura de Teresina - FMS. Conta com apoio do Governo Federal através da Caixa Econômica – CEF, Grupo Arrey, Faculdade Facid Wyden, Multi Home Care, Medical Life, a Eurocity Consultoria & Viagens e Radical Produções.
Mais informações