A existência de um problema cardíaco sempre traz muita preocupação. E quando existe a necessidade de um tratamento mais invasivo, como a cirurgia, em pacientes mais idosos e mais frágeis, a preocupação é ainda maior. Felizmente, a Medicina está em constante evolução e, nesse contexto, a TAVI, do inglês Transcateter Aortic Valve Implantation, ganha destaque, pela inovação e segurança nos casos específicos de doenças da valva aórtica.
No Piauí, o sucesso na correção dos problemas nas valvas cardíacas acontece no Hospital São Marcos (HSM), instituição pioneira no implante da TAVI no Estado. “As valvas cardíacas funcionam como portas que distribuem o fluxo sanguíneo que circula dentro do coração e sempre foram trocadas quando defeituosas, por uma cirurgia grande de peito aberto. Atualmente já é possível fazer a troca da valva implantando-se a prótese através do cateterismo cardíaco, procedimento muito menos invasivo, com o implante da TAVI”, informa o hemodinamicista Antenor Portela, do setor de Hemodinâmica do HSM.
De acordo com o médico Antenor Portela, este procedimento se tornou uma rotina no São Marcos. No mês de agosto, a equipe de Hemodinâmica realizou quatro implantes. “Os pacientes aptos para realizar esse tipo de cirurgia são aqueles que apresentam estenose aórtica grave com impasses de realizar o processo cirúrgico convencional”.
A estenose da valva aórtica é uma doença degenerativa provocada pela calcificação dos folhetos da valva. Essa disfunção, comum em idosos, impede que a valva abra corretamente e causa uma dificuldade cada vez maior para a passagem do sangue, sobrecarregando o coração. Geralmente, no início da doença, o órgão consegue aumentar a sua força de contração e manter o fluxo sanguíneo adequado. No entanto, com o passar do tempo, a tendência é que o músculo cardíaco enfraqueça, levando à insuficiência cardíaca ou até mesmo à morte súbita.
Tontura, desmaio, dor no peito, palpitação e falta de ar são sintomas comuns nesses casos. Não há medicação que resolva o problema, portanto quando os sintomas aparecem, a doença deve ser tratada de forma invasiva o quanto antes, devido ao risco de complicações graves. “Comumente esses implantes são realizados em pacientes com faixa etária acima de 70 anos, pois esses correm mais riscos, ao contrário dos jovens que podem ser submetidos às cirurgias comuns”, explica Antenor Portela.
No mundo todo, “a TAVI vem se tornando o procedimento de escolha para o tratamento da estenose aórtica sintomática e, no decorrer de uns 5 a 10 anos, esse processo deve se concretizar porque o implante propicia a melhora de uma vida antes limitada. Além disso, a estenose aórtica é uma doença gravíssima tendo um prognóstico pior que a maioria dos cânceres. 50% dos pacientes morrem em um ano se não tratados”, alerta o hemodinamicista.
O procedimento é realizado através de uma punção arterial percutânea na virilha do paciente, a equipe de especialistas avança a prótese por dentro das artérias até o coração (todas as artérias do corpo conectam-se com o coração) utilizando um cateter fino e flexível. A prótese valvar é levada de forma compactada até o local onde está a valva aórtica doente e lá ela é expandida, empurrando a valva danificada e assumindo o trabalho de regular o fluxo sanguíneo. O percurso é monitorado com técnicas e equipamentos de radioscopia e ecocardiografia.
Frequentemente o implante costuma durar cerca de duas horas. Em alguns casos, de acordo com a análise do médico sobre a condição clínica do paciente, é possível ter alta em até quatro dias. Após o procedimento de TAVI, o local da artéria por onde entrou o cateter é fechado através do orifício da pele, com dispositivo de sutura minimamente invasiva. Os pacientes costumam permanecer conectados a um acesso venoso e a um monitor cardíaco por algumas horas.
Durante o período de internação, o ritmo do coração, a pressão sanguínea e o local de inserção dos cateteres são monitorados de perto. Na volta pra casa, os pacientes devem continuar o acompanhamento com médico cardiologista e seguir todas as orientações prescritas. Menos de 10% das pessoas que realizam o procedimento de TAVI apresentam algum tipo de intercorrência.
Todo procedimento cirúrgico conta com a equipe multiprofissional de especialistas, da qual participam hemodinâmicos, cirurgiões cardíacos, anestesista, ecocardiografista, enfermeiros e técnicos.
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