A hiperidrose ou transpiração excessiva atinge até 2% da população brasileira, conforme dados do Hospital das Clínicas em São Paulo. Além de comprometer a auto-estima, pode prejudicar o trabalho e a vida social de quem tem o problema. Foi para dar orientações sobre como enfrentar o problema que o médico cirurgião Nabor Bezerra de Moura proferiu palestra na manhã desta terça-feira (13) no ambulatório do Hospital São Marcos.
O especialista explicou que por conta das condições climáticas características do Piauí a identificação do problema pode ser mais difícil. Porém, a pessoa que sofre com suor excessivo, chova ou faça sol, frio ou calor, tem sempre a sensação de estar banhado de suor. A sensação é constante, incontrolável e traz enormes constrangimentos, como o receio de andar de mãos dadas ou de tirar os sapatos e as tentativas, quase sempre malsucedidas, de esconder as marcas de suor nas roupas. O mal pode acometer homens e mulheres em todas as fases da vida.
?O problema gera mais desconforto psicológico ou psicossocial do que físico. A pessoa pode conviver com a hiperidrose sem problema nenhum. Pesquisas indicam que as pessoas com suor excessivo têm problemas de se relacionar, não conseguem cumprimentar as pessoas, não consegue manipular papéis, crianças nas escolas podem passar por irresponsável porque escrevem uma linha e borra a outra linha por conta do suor das mãos. É nesse ponto que o tratamento se indica?, explicou Nabor Bezerra.
A hiperidrose é mais comum nas mãos, axilas, região craniofacial e nos pés. Também pode ocorrer em mais de uma parte do corpo. O diagnóstico é clínico, informou o médico durante a palestra. ?Não há exames que identificam o problema. O médico olha e identifica se o suor é normal ou patológico?, acrescenta.
As causas da hiperidrose permanecem pouco conhecidas. Sabe-se apenas que o mal é resultado de hiperatividade nas glândulas sudoríparas, estruturas neste caso superestimuladas devido a uma anormalidade de provável origem genética no sistema nervoso simpático. Segundo o médico cirurgião Nabor Bezerra, as glândulas sudoríparas dos que sofrem de hiperidrose liberam incansavelmente uma substância chamada acetilcolina. ?É como se a glândula levasse um pequeno choque continuamente?, explica. Ainda que não sejam decisivos para a manifestação da hiperidrose, ?os exercícios, a temperatura local e a ansiedade podem influenciar na quantidade de suor, intensificando o quadro de sudorese, aponta Bezerra.
Tratamento
Nos casos mais leves o tratamento é feito através de medicação ou tratamentos tópicos com desodorantes ou cremes. O tratamento cirúrgico é indicado apenas para os problemas localizados, quando é apenas em uma parte do corpo, como as axilas, por exemplo. O médico assegurou que o procedimento é simples: ?são feitas duas incisões de meio centímetro na região das axilas para o corte do nervo que estimula o suor. A cirurgia é simples e a recuperação é rápida. Após a cirurgia, o paciente deixa de suar em excesso na região que o incomodava?.
Contudo, o especialista alertou que a opção pela cirurgia parte do próprio paciente e é recomendada nos casos em que o incômodo é muito grande. Também existe a opção da injeção de botox (toxina botulínica) na região das axilas e nas mãos. ?A substância inibe a ação das glândulas sudoríparas?, explicou Nabor Bezerra.
Outras Palestras
O calendário de palestras do Hospital São Marcos segue até o próximo dia 16. Nesta quarta-feira, dia 14, a instituição oferecerá palestra sobre Tuberculose. Ainda serão proferidas palestras sobre câncer de pulmão e tabagismo. As atividades acontecem a partir das 9 horas no hall da Ala B no Ambulatório.