Muitas emoções marcaram a manhã desta terça-feira, 19, durante a entrega das Laringes Eletrônicas, aparelhos que emitem vozes, para pacientes laringectomizados do Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos na Associação Piauiense de Combate ao Câncer do Hospital São Marcos.
A doação veio da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG) de Florianópolis – Santa Catarina que executa o Projeto Rede+Voz Brasil do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON), em parceira com Associação Brasileira dos Portadores de Câncer, com o objetivo de dar uma voz aos sobreviventes de câncer de laringe.
Em todo o país foram doados 350 aparelhos, dos quais 10 para os pacientes do São Marcos, avaliados em torno de R$ 2.000,00. “Receberam o aparelho pacientes que foram submetidos a Laringectomia Total (extração da laringe), onde ficam as cordas vocais, tornam-se deficientes da fala permanentemente” explica o cirurgião de cabeça e pescoço Luís Bastos.
Além de ganhar o aparelho, os pacientes tiveram uma explicação de como usar o dispositivo. “Laringes Eletrônicas são aparelhos caros que geram vozes e proporcionam qualidade de vida para pessoas que perderam a voz. O objetivo da Ong é chamar atenção para os casos de câncer de cabeça e pescoço” explica Eduardo Costa Knoll, gestor do projeto ACBG
“A partir da ideia de ajudar no sofrimento desses pacientes nasceu a ACBG há mais de 24 anos. Temos um trabalho sério onde nosso objetivo é dar a voz a quem não tem através de várias frentes nos hospitais. O câncer de cabeça e pescoço no Brasil é renegado e não tem tanta divulgação nas áreas médicas e nas universidades. Então resolvemos mapear todos os lugares em todos os estados para fazer diretrizes e trabalhos pontuais na saúde com os pacientes”, informa Eduardo.
Com o bastão colocado entre o queixo e o pescoço, o aparelho faz com que a laringe eletrônica emita uma vibração no local onde antes existiam as cordas vocais, induzindo o som robótico a sair com ajuda dos movimentos da língua e dos lábios. “Os instrumentos foram doados para pacientes que passaram por cirurgia para retirada de toda laringe, responsável pela voz, por conta de um determinado tumor. Então o paciente consegue falar novamente e melhora a sua comunicação. Isso é maravilhoso”, declarou a fonoaudiólogo do São Marcos, Rayana Márcia.
O aposentado Evaristo Costa, 72 anos, ainda não consegue falar mesmo após a laringectomia total, há cinco meses. Com o trabalhava como motorista e borracheiro acabava inalando muita fumaça por causa da queima de pneus. Além disso, era fumante, aspectos que contribuíram para o câncer. De acordo com sua esposa, dona Antônia Marlucia, “a sua fé e boa vontade fizeram com que, mesmo sem as cordas vocais, o seu Evaristo não perdesse a capacidade de falar. Com a laringe eletrônica, a voz sairá com menos esforço. Ele tem muita vontade de falar e eu sempre tenho fé. Em cada viagem que venho aqui eu alcanço uma vitória”, conta a esposa.
Assim como a maioria dos pacientes presentes no evento, os dois viajaram do interior para receber o aparelho. Participaram do evento, além dos pacientes, médicos da Clínica Cabeça e Pescoço, oncologistas, fonoaudiólogos e da equipe multiprofissional: fisioterapeutas, odontólogos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas e coordenadores do SUS.
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