Cientistas britânicos da Universidade de Leeds dizem ter descoberto que a proteína que causa o mal da vaca louca - chamada príon - também pode proteger contra o mal de Alzheimer. Segundo especialistas, a descoberta, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, pode levar a novos tratamentos contra o mal de Alzheimer. De acordo com os pesquisadores, testes em laboratório revelaram que os príons naturalmente presentes no cérebro podem prevenir o desenvolvimento de uma proteína-chave associada à doença. Nesses testes, altos níveis de príons conseguiram reduzir o acúmulo da proteína beta-amilóide, responsável pela formação de placas no cérebro dos portatores de Alzheimer. No entanto, quando o nível de príons era baixo ou inexistente, o acúmulo de beta-amilóide voltava a ocorrer normalmente. Segundo os cientistas, isso sugere que os príons têm um efeito preventivo sobre o desenvolvimento do mal de Alzheimer. Os pesquisadores fizeram ainda testes com camundongos geneticamente programados para ter insuficiência de príons. Também nesses casos foi verificado acúmulo de beta-amilóide. Envelhecimento De acordo com o coordenador do estudo, o professor Nigel Hooper, os cientistas precisam agora verificar se o envelhecimento tem algum efeito sobre a habilidade dos príons de proteger contra o mal de Alzheimer. Hooper explicou que os cientistas buscavam um elo de ligação entre o mal de Alzheimer e outras enfermidades que apresentavam semelhanças, como a doença de Creutzfeldt-Jakob, a variante humana do mal da vaca louca. Sabe-se que na doença de Creutzfeldt-Jakob a versão normal da proteína príon presente nas células cerebrais é corrompida por príons infecciosos, mudando de forma e resultando em danos cerebrais e em morte. Mas pouco se conhece a respeito das funções dos príons normais. "Até agora, a função normal da proteína príon não estava clara. Mas nossas descobertas identificam claramente um papel para as proteínas príon normais na regulação da produção de beta-amilóide e, com isso, na prevenção da formação das placas de Alzheimer", disse Hooper. "Nós não sabemos ainda se essa função se perde como resultado do processo natural de envelhecimento ou se algumas pessoas são mais suscetíveis a ela do que outras." Tratamento Hooper afirmou que, apesar de ainda ser necessário saber mais sobre a descoberta, teoricamente, se fosse desenvolvido um tratamento que pudesse imitar o efeito dos príons, seria possível interromper o progresso da doença. O diretor de pesquisas da Alzheimer`s Society, o professor Clive Ballard, disse que esta é a primeira vez em que foi estabelecida uma ligação entre a proteína príon e o mal de Alzheimer. "Essas ainda são descobertas iniciais, que sugerem que a proteína príon pode ter uma ação reguladora no desenvolvimento de beta-amilóide", afirmou Ballard. "Essa descoberta oferece uma base para uma nova abordagem na busca de novas terapias contra o mal de Alzheimer", disse.
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