Amanhã, será dado inicio ao curso de atualização em morte e luto no auditório do Hospital São Marcos. O evento é organizado pelo serviço de psicologia do Hospital. A coordenadora do curso Marcelle Formiga, concedeu para o nosso site uma entrevista.
- Qual é o principal objetivo do curso de atualização em morte e luto?Nosso principal objetivo é capacitar profissionais e estudantes para lidar adequadamente com a morte e o processo do luto, um período de crise e geralmente muito difícil para todos os envolvidos. Essa capacitação é teórica e prática, temos o objetivo de fornecer ferramentas práticas para auxiliar o dia a dia dos profissionais. Observamos, muitas vezes, que as chamadas famílias ?pouco colaborativas?, ?muito exigentes?, ?difíceis? ou ?poliqueixosas? podem, na realidade, estar experimentando um intenso sofrimento, como um luto antecipado por exemplo, e a forma de expressão dessa dor pode refletir na qualidade da relação com a equipe, na confiança e na qualidade da assistência. Quando isso é percebido e pode ser trabalhado pela equipe, a situação é melhor conduzida e traz benefícios para todos ? paciente, familiares e equipe de saúde.
-Qual é a diferença do luto antecipatório para o luto normal?
O luto antecipatório se refere ao processo de luto real que acontece antes da morte. Uma morte anunciada ou iminente desencadeia o luto nas pessoas afetivamente envolvidas, que podem passar pelas diferentes fases pertinentes ao processo. Um acompanhamento devido não minimiza o impacto da morte, mas pode evitar um luto complicado no pós-óbito. Entendemos por luto normal o processo que se inicia no pós-óbito e tem as mesmas características do luto antecipado.
-Você disse que a pessoa que vive luto passa por várias fases. Que fases são essas?
Os pesquisadores e estudiosos no tema apresentam algumas ?classificações? distintas, mas no geral, podemos citar alguns momentos que geralmente estão presentes no processo de luto: a negação, que é a dificuldade de aceitar a morte; um momento de ambivalência que se refere à aceitação parcial da morte; a barganha que se caracteriza por uma espécie de negociação do prolongamento da vida ou da cura - com Deus, com o sagrado ou com os médicos; a fase da tristeza e depressão, que ocorre após o paciente ou a família se dar conta da morte e, por fim, a fase de maior aceitação, que é quando se consegue dizer sim para a realidade e aceitar a inevitabilidade da morte.
-Qual o papel da psicologia nesse processo?
O papel da psicologia é prestar suporte e assistência para os pacientes, familiares e profissionais de saúde e oferecer recursos para que todos possam ter o melhor enfrentamento possível da realidade que se apresenta.
-O que são as Intervenções preventivas e terapêuticas?
São as intervenções que podemos fazer para que o processo de luto ocorra da melhor maneira possível e para trazer qualidade no morrer, tanto para o paciente como para os familiares. Da mesma forma que ajudamos as pessoas a nascer, também ajudamos a morrer. A aceitação da morte e da realidade, a resolução das tarefas inacabadas ou interrompidas, o resgate de vínculos, a validação dos ditos e não ditos são alguns exemplos de intervenções.