O diretor do Instituto de Oncologia do Paraná e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Luiz Antonio Negrão Dias, explica que a grande incidência no Sul e Sudeste se deve a alguns fatores, como a alta urbanização e a longevidade da população – como a doença é crônico-degenerativa, o número de casos é maior conforme a idade. Na Região Sul a expectativa de vida ao nascer, segundo o Censo de 2010, era de 75,2 anos e na Região Sudeste, de 74,6 anos. No Norte, a média foi de 72,2. As estatísticas do Inca mostram ainda que o número de casos de câncer em todo o Brasil deve crescer neste ano, com 519 mil novos registros. No Sul, a estimativa é que sejam identificados 91 mil novos casos, uma taxa de 643,26 pacientes para cada 100 mil habitantes. No Paraná, por sua vez, devem ser mais de 31 mil registros e, em Curitiba, 5,5 mil. Os tumores mais comuns serão os de pele, próstata, mama, colo de útero, pulmão, cólon e reto. “Em 2011, as estatísticas previam cerca de 500 mil novos pacientes no Brasil e, em 2000 e 2001, o crescimento não ultrapassava os 160 mil. Hoje, é comum os registros da doença aumentarem 10% ao ano.” Vilões Entre os vilões, um dos que mais exige atenção é a alimentação. “Saímos do tradicional regime de arroz, feijão, carne e salada para uma dieta cheia de fast-food e refrigerantes, rica em sódio, gorduras de origem animal, hormônios, aromatizantes, corantes e conservantes. Pesquisas mostram que isso aumenta a incidência de câncer, principalmente de próstata, mama, bexiga e cólon retal”, afirma Dias. Fatores ambientais e comportamentais também contribuem. Como a maior parte da população vive nas cidades grandes, as pessoas têm maior contato com agentes poluentes, que podem provocar vários tipos de tumores, em especial de pulmão e fígado. “E, como vivem isoladas, deprimem mais, o que reduz a imunidade e facilita o aparecimento da doença”, diz. Quanto aos hábitos de vida, a combinação de falta de exercícios físicos regulares, excesso de peso, tabagismo (mesmo que esporádico) e ingestão exagerada de bebidas alcóolicas são uma bomba para o organismo. “A obesidade é um dos principais fatores de risco para câncer de mama e próstata”, exemplifica José Clemente Linhares, médico oncologista. Dias explica que, em 1970, o câncer era a quinta maior causa de mortes no mundo. Hoje, é a segunda e, em 2030, deve assumir a liderança. Por outro lado, as possibilidades de restabelecimento da saúde também aumentaram. “Se algumas décadas atrás as chances de cura eram de 30% no Brasil, hoje temos sucesso em 55% dos casos.” Fonte: Gazeta do Povo