Com o consenso Nacional em Nutrição Oncológica e Dietética do INCA, realizado em 2009 pelo seu Serviço de Nutrição e Dietética do INCA. O objetivo do consenso é unificar a terapia, e a assistência nutricional aos pacientes oncológicos, garantindo equidade e qualidade na assistência nutricional aos pacientes oncológicos, garantindo equidade e qualidade na assistência a indivíduos com câncer no Brasil, foram definidos os instrumentos de triagem e avaliação nutricional para pacientes oncológicos durante a internação. A ASG-PPP (avaliação subjetiva global produzida pelo próprio paciente) foi consensuada como ferramenta de triagem nutricional para pacientes, em razão de sua sensibilidade e predição de complicações.
O documento do consenso, no qual o Hospital São Marcos participou da elaboração como parceiro, foi editado pelo Ministério da Saúde e lançado no Congresso Brasileiro de Nutrição Oncológica do INCA, IV Jornada Internacional de Nutrição Oncológica e III jornada luso brasileira em nutrição oncológica, em Outubro de 2009.
Com o objetivo de realizar uma triagem nutricional multicêntrica por meio da ASG-PPP em pacientes portadores de câncer e associar o estado nutricional com a localização da doença e a presença de sinais e sintomas dos pacientes com câncer que se internaram no pais no período do estudo, foi lançado o Inquérito Brasileiro de Nutrição Oncológica, iniciativa pioneira em nutrição oncológica produzida no brasil, no qual mais uma vez o Hospital São Marcos atuou como parceiro, visando colaborar com o desenvolvimento da saúde do pais e dando novos passos para a construção da Rede de Atenção Nutricional em Oncologia.
Para a realização do estudo multicêntrico foram cadastradas 25 instituições hospitalares de todo o pais, que atendem pacientes oncológicos. No estudo, o critério de inclusão foram todos os pacientes, do gênero masculino ou feminino, independente da localização ou estadiamento da doença, durante o mês de novembro de 2012. Os pacientes submetidos a ASG-PPP foram avaliados nas primeiras 24 horas após internação.
Participaram do estudo 4822 pacientes com câncer, sendo 47;7% do gênero masculino e 52,3% do gênero feminino. Os participantes com mais de 60 anos corresponderam a 29% da população estudada, e os adultos 71% do grupo. No hospital são marcos foram avaliados 425 pacientes, sendo 194(45,6%) do sexo masculino e 231 (54,4%) feminino e 295 (69,4) adultos e 130 (30,6%) idosos.
O estudo revelou que 44,2% dos pacientes do sexo masculino e 43% do feminino relataram perda de peso e que entre os adultos essa perda de peso foi de 41,96% e 47,53% nos idosos. No Piaui, 13% da população masculina estudada apresentou perda de peso e 14% da feminina, assim como 13% dos adultos e 14,5% dos idosos.
Quanto a localização da doença, o relato de histórico de perda de peso foi de 57,14% dos indivíduos do sexo masculino e 58,82% do sexo feminino com tumores de esôfago e para tumores de estomago 57,48% dos indivíduos do sexo masculino e 61,97% soa indivíduos do sexo feminino. Indivíduos idosos apresentaram maiores percentuais de perda de peso que adultos, naqueles com tumores de localização de esôfago, tireoide, pulmão, intestino, mama, útero, ovário e próstata.
Menos que 50% dos indivíduos avaliados relataram não ter problemas para se alimentar, quer adultos, quer idosos.
Os principais sintomas gastrointestinais incluíram falta de apetite( adultos=26,02% versus idosos=35,22). Náusea (adultos=20,33% versus idosos=18, 40%), constipação (adultos =16,33% versus idosos 16,69%), boca seca( adultos=19,25% versus idosos= 22,98% e cheiros que incomodam (adultos= 15,57% versus idosos=13,60%).
Os indivíduos idosos apresentaram maiores limitações quanto a atividade de vida diária. Observou-se que 45,46% dos pacientes da amostra relataram que as suas atividades de vida diária estavam preservadas, porem apenas 39,37% dos pacientes idosos tinham essas mesmas características. Os idosos também foram o maior percentual dos que relataram passar a maior parte do tempo deitados.
Quanto a reserva de gordura global, para a população como um todo, observou-se que 33% dos pacientes apresentaram algum déficit de reserva. Os déficits musculares globais observados corresponderam a 32,4% da amostra, e os de panturrilha 29,9%. Entretanto, para os idosos esses percentuais foram de 44,5% e 39,2% da amostra. Dessa forma, percebe-se que a população de idosos tem maior fragilidade na doença oncológica.
A má distribuição de líquidos corpóreos foi pouco observada na aplicação da ASG- PPP no presente estudo. O percentual de pacientes com edemas globais e de áreas especificas, como quadril, sacro, ascético e tornozelo, variou entre 0% a 9% da amostra.
Quanto a classificação do estado nutricional da população estudada, observou-se que 54,9% dos pacientes avaliados encontravam-se bem nutridos e 45,1% com algum grau de desnutrição. Entre os idosos 55,7% apresentaram algum grau de desnutrição ou presença de risco nutricional.
Desenvolver este documento possibilitou o fortalecimento das relações entre profissionais e organizações, que frutificarão na criação de novos protocolos e projetos multicêntricos, envolvendo as áreas de nutrição e oncologia. Este documento certamente contribuirá para a melhor definição das politicas publicas que envolvem a atenção ao paciente com câncer no Brasil, e, o Hospital São Marcos, ao participar ativamente em todas as etapas do processo descrito através do Serviço de Nutrição e Dietética, prestando valiosa colaboração ao desenvolvimento da nutrição oncológica no País.